Enquanto espaço de transformação e construção de conhecimento, a escola da atualidade deve promover um ambiente que permita formar novos saberes e opiniões, não apenas focado nos alunos em sala de aula, mas também na equipe docente, em prol do desenvolvimento e da aprendizagem profissional.
Com isso, devem ser encorajadas as práticas do debate e do diálogo, que são a base para uma instituição democrática em todos os âmbitos da comunidade escolar, inclusive durante a reunião pedagógica com os professores. Então, entra em cena a figura do gestor escolar, que, além de garantir o funcionamento pleno da unidade, fazendo a intermediação entre a escola, a sociedade, os educadores e seus alunos, também é responsável pela orientação administrativa e pedagógica, e pela contribuição para a formação continuada dos educadores, desempenhando o papel de fomentar e incentivar a sua qualificação profissional.
Uma das principais formas de alcançar os objetivos relacionados à formação continuada e conseguir o engajamento da equipe de docentes é utilizar o período da reunião pedagógica para pesquisa, estudo, troca de informações, reflexões e aprendizados.
Entretanto, é fato que, muitas vezes, a gestão escolar acaba direcionando uma pauta para reunião pedagógica pronta e informativa, de caráter administrativo, em vez de abrir espaço para a investigação de possíveis problemas escolares, para a busca de soluções e do aprimoramento das práticas pedagógicas.
Ou seja, a oportunidade de propiciar uma reunião pedagógica formativa, com foco na revisão e reconstrução do processo de ensino para o desenvolvimento do professor e, como consequência, a promoção das melhores práticas para a aprendizagem e formação dos alunos.
Afinal, o que é reunião pedagógica?
Com o objetivo de incentivar e contribuir para a formação continuada dos educadores, as reuniões pedagógicas consistem em encontros durante o ano letivo organizados pelo coordenador ou gestor escolar com a equipe de professores da escola. Além de ser uma forma de acompanhar e discutir o andamento do processo de ensino, a reunião pedagógica é o momento em que os profissionais conferem o cumprimento dos planos de aula, bem como discutem e determinam a necessidade de ajustes.
Portanto, além de administrativa e pedagógica, a reunião deve ter caráter acadêmico, em que o processo de atualização do professor impulsiona debates mais ricos e críticos, promovendo também uma reflexão sobre a sua postura diante de determinadas situações e as suas próprias práticas em sala de aula.
Para tornar a reunião pedagógica mais eficaz, o ideal é que, primeiramente, se faça um planejamento com a elaboração de pauta, que deve ser distribuída a todos os participantes, prever o tempo de duração e apontar o objetivo principal, com detalhes sobre os assuntos que serão tratados, as estratégias propostas, as metas, os materiais necessários e o que se espera dos professores para o encontro. Isso é importante para evitar dispersões desnecessárias, ainda que possam — e provavelmente irão — surgir novos objetivos ou imprevistos durante o encontro.
Basicamente, a pauta é um documento formal da escola, em que deve constar o planejamento do coordenador, ou gestor, e a participação dos docentes, enquanto a ata de reunião pedagógica com professores precisa conter o registro de todos os pontos levantados e pode ser utilizada para disseminar as informações e avaliar o resultado do encontro.
Como preparar uma reunião pedagógica para professores
Em primeiro lugar, é preciso pensar em quando e onde será realizada a reunião. Se for presencial, deverá acontecer num local arejado, iluminado, limpo, organizado e silencioso, prevendo se haverá um espaço e período para o café.
Então, deve ser elaborada a pauta, com os conteúdos organizados dentro de um tempo médio estipulado. Vale ressaltar que a escolha dos assuntos para reunião pedagógica deve ser muito bem pensada, uma vez que ela precisa ir ao encontro das necessidades da equipe e da escola e, ao mesmo tempo, estar adequada ao período do ano letivo em que ocorrerá a reunião. Assim, o planejamento e as ações podem caminhar juntos.
E essa escolha não se trata de um exercício de adivinhação, mas, sim, da prática de pesquisar e perguntar, muitas vezes para os próprios professores. Por isso, sempre vale separar um tempo nesses encontros para fazer uma sondagem e conhecer as reais necessidades dos docentes. Isso faz com que os professores fiquem mais engajados, o que torna a reunião pedagógica ainda mais produtiva.
Além disso, sempre que possível, é interessante tratar o conteúdo de forma tematizada, a partir das experiências dos próprios educadores em sala de aula. Podem ser levados exemplos reais, desde que com o consentimento prévio do profissional, como uma situação-problema para discussão e debate. Também é possível trazer os conceitos de autores e teóricos como referências, de modo a fundamentar soluções, contribuir para resolver determinado problema ou compreender uma situação.
Esse movimento dialético durante a reunião pedagógica é fundamental para fortalecer e criar no grupo uma cultura de troca de experiências, experimentações e para trazer a ideia de unidade e acolhimento como uma rede de pensamento capaz de chegar a melhores soluções. Isso a torna diferente da reunião pedagógica puramente informativa, de comunicação unilateral, que tem como princípio simplesmente a divulgação de novos dados e comunicados.
Como conduzir uma reunião pedagógica formativa
Em primeiro lugar, quando se fala em pauta formativa, isso significa que ela precisa ter um conteúdo formador para quem participa da reunião pedagógica, que tem como principal característica a formação continuada dos professores, favorecendo a sua qualificação profissional.
Uma das suas principais vantagens é que ela servirá não somente para o corpo docente presente na reunião, mas para quem a organiza. O gestor ou coordenador precisará se aprofundar em determinados conteúdos que serão abordados e estudar estratégias formativas a serem utilizadas durante o encontro, visto que ele deverá atuar como mediador.
Durante a reunião pedagógica, é importante promover agrupamentos entre os professores, para que eles trabalhem de modo integrado, discutam as suas próprias práticas, troquem ideias e se conheçam melhor. Então, o ideal é que cada grupo formado (por três ou quatro professores) abra o que foi discutido para os demais participantes. Assim, cada professor passa a olhar para a própria prática, para a dos colegas, para a teoria e, então, construa novos conhecimentos ou mesmo reafirme aquilo que ele já sabe.
E o mediador, por sua vez, conduz o debate e faz os devidos posicionamentos baseado nos estudos prévios sobre aquele conteúdo. Afinal, enquanto condutor da reunião, que propõe a reflexão e discussão de determinado conteúdo, ele deve estar um passo à frente no assunto, ainda que ele também venha a aprender na reunião pedagógica.
Também é importante haver uma retomada do encontro anterior, mesmo que o assunto tratado não vá ser continuado. É importante lembrar e retomar o que foi feito na última reunião, principalmente se houve tarefas complementares a serem postas em prática em sala de aula ou metas a serem alcançadas no período entre uma reunião e outra.
Isso proporciona um senso de organização, planejamento e produtividade para as reuniões pedagógicas, além do sentido de continuidade no processo de desenvolvimento e qualificação profissional.
“A formação não se faz antes da mudança, faz-se durante, produz-se nesse esforço de inovação e de procura dos melhores percursos para a transformação da escola. É esta perspectiva ecológica de mudança interativa dos profissionais e dos contextos que dá um novo sentido às práticas de formação de professores centradas nas escolas.”
António Nóvoa
Especialista em formação de professores
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