O desenvolvimento da criança pode ser observado e compreendido por meio de diversos pontos de vista: físico, intelectual, cognitivo, social ou afetivo. O processo leva em conta todo o contexto que ela vivencia em casa, na escola e em outros ambientes.
Estudos apontam que o cérebro é resultado da nossa genética aliado ao meio ambiente e que as experiências da infância são consideradas fundamentais para o seu aprimoramento. Em outras palavras, o estímulo à aquisição de competências e habilidades, em especial na primeira infância — fase considerada crucial para o desenvolvimento pleno da criança —, está diretamente ligado à interação que ela tem com o meio e com quem está ao seu redor. Vale, portanto, começarmos este assunto falando sobre a importância do Cuidar.
Este pilar não se limita aos cuidados de modo simplista. Ele é parte essencial da educação e envolve questões afetivas e biológicas, comprometimento e um olhar atento por parte dos pais, professores e demais cuidadores.
O Cuidar para o desenvolvimento pleno
Segundo o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI), o Cuidar significa dar atenção à criança “como pessoa que está num contínuo crescimento e desenvolvimento, compreendendo sua singularidade, identificando e respondendo às suas necessidades”. Portanto, os cuidados básicos para o desenvolvimento integral da criança devem levar em conta a alimentação, a higiene e a imunização, além da criação de vínculos afetivos com carinho e atenção, pois tudo isso influencia sua formação física, social e emocional.
É importante ressaltar a importância da família na criação de um ambiente acolhedor, estável e estimulante, afinal é dela o papel de garantir não somente a sobrevivência do pequeno, mas uma formação saudável e oportunidades de socialização.
Isso faz com que a criança se sinta emocionalmente segura, o que influencia sua capacidade de aprender, seu comportamento e sua saúde física e mental, permitindo que ela desenvolva integralmente as suas potencialidades.
Os profissionais da educação, por sua vez, precisam se atentar à parceria escola-família na construção de relações respeitosas e mais próximas.
É preciso assegurar que cada criança seja observada individualmente e compreender que os grupos familiares são compostos por pessoas que possuem diferentes crenças, valores, histórias de vida, objetivos e sentimentos, entre outras diferenças, e que devem ser tratadas com zelo e cordialidade.
O papel do Brincar no desenvolvimento infantil
“Brincar é uma das atividades fundamentais para o desenvolvimento da identidade e da autonomia.”
(RCNEI, 1998)
Brincar permite que a criança explore e conviva em diferentes ambientes, interaja com outras pessoas e, com a sua gama de possibilidades, promove a aquisição de habilidades motoras, cognitivas e de linguagem, além do desenvolvimento de aspectos afetivos e morais, que são propulsores da criança em direção à independência.
Ele é coisa séria no desenvolvimento infantil. As invenções e a imaginação que a criança exercita em jogos simbólicos e no faz de conta propiciam a construção de conceitos, a compreensão da realidade e do mundo ao seu redor.
Aqui, vale ressaltar que, com o advento dos recursos tecnológicos, a forma de brincar e interagir das crianças passou por uma transformação. Este é um ponto que merece a atenção dos responsáveis quando o assunto é brincar usando dispositivos eletrônicos.
É comum observar que os jogos eletrônicos frequentemente isolam a criança e diminuem a possibilidade dela interagir com outras crianças. Partindo do princípio de que brincar é um ato criativo, percebe-se que hoje em dia as crianças brincam menos. Isso se deve a todo um contexto social, não somente pela disseminação da tecnologia nas mãos das crianças, mas também pelo aumento do tempo de confinamento dentro de suas casas, em espaços cada vez menores e, muitas vezes, sem a possibilidade de passarem mais tempo com seus pais.
Menos brincadeiras significa privar a criança de exercitar a sua criatividade, que é a base para a liberdade, a transformação e a construção de seu raciocínio e senso crítico. Além de desenvolver a imaginação, o brincar estimula a sensibilidade visual e auditiva, o desenvolvimento de habilidades físico-motoras e sociais, ensina regras, valores, comportamentos, e desperta a empatia e o senso de colaboração.
É importante, portanto, que as instituições de Educação Infantil integrem no seu cotidiano a atividade do brincar enquanto ação educativa.
O objetivo é que os educadores promovam uma diversidade de situações que permitam a troca de conhecimentos entre crianças por meio da interação e do exercício de sua capacidade de diálogo e expressão. Essa troca faz com que elas vivenciem emoções e contribui para a autonomia e a autoestima, uma vez que o brincar é inerente a elas.
Para saber mais sobre este assunto, leia nosso artigo “Como o livre brincar contribui para a formação social da criança” (https://www.youbilingue.com.br/blog/como-o-livre-brincar-contribui-para-a-formacao-social-da-crianca/).
O Educar no desenvolvimento da criança
O Educar é amplo e deve levar em consideração tanto as experiências dentro das instituições de ensino quanto o que se vive dentro de casa. A união de escola e família é o alicerce que sustenta a educação para o desenvolvimento pleno da criança.
“Educar significa, portanto, propiciar situações de cuidados, brincadeiras e aprendizagens orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal e de ser e estar com os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito e confiança, e o acesso, pelas crianças aos conhecimentos mais amplos da realidade social e cultural.”
(RCNEI, 1998)
As práticas pedagógicas na Educação Infantil devem ser orientadas com o propósito de suprir e criar meios para despertar o interesse e a descoberta das crianças. Com isso, é importante que o educador proporcione formas de:
· desenvolver a autoconfiança, a autonomia e a autoestima;
· conhecer o próprio corpo, valorizando bons hábitos para a saúde;
· estabelecer vínculos afetivos com seus pares;
· expandir as relações sociais, propondo oportunidades de interação e articulação de seus interesses e opiniões, respeitando as diversidades;
· estimular a atitude de curiosidade sobre o ambiente, observando-o, explorando-o e percebendo-se como parte integrante;
· brincar;
· se comunicar de formas diferentes a fim de utilizar diversas linguagens (corporal, musical, verbal, plástica) e ampliar sua capacidade de expressão;
· conhecer diferentes manifestações culturais, aprendendo a participar, demonstrar respeito e valorizar a diversidade cultural.
Desde os primeiros anos de vida, é possível propiciar meios para a criança ter certa autonomia, afinal, é nessa fase que se inicia o seu processo criativo através das descobertas do dia a dia. Seja dentro de casa, nas vivências na rua, na pracinha do bairro ou na escola, permitir que a criança se movimente e explore diferentes ambientes desde cedo é fundamental para o seu desenvolvimento.
Os pais ou responsáveis têm o papel de protegê-la, mas sempre lhe dando espaço para experimentar. Basicamente, a ideia é não fazer pela criança o que ela pode fazer sozinha. O adulto se disponibiliza para ajudar, não para resolver situações, e isso liga-se intimamente à autoconfiança.
Da mesma forma, a criança precisa se sentir segura. Quando cresce num ambiente sem rotina, violento ou emocionalmente inseguro, ela fica sem a capacidade de controlar seus mecanismos de defesa, como o estresse, por exemplo. E, com o passar do tempo, o estresse constante prejudica o seu desenvolvimento.
Nesse caso, a segurança é conseguida com uma rotina, que, por sua vez, deve ser formada por bons hábitos. Eles influem na vontade e nas ações da criança, que passa a querer fazer o que é certo, para o seu próprio bem. O educador precisa guiá-la e orientá-la, atuando como intérprete da realidade e demonstrando sua vontade de auxiliar.
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